terça-feira, 19 de abril de 2011

A Paixão de Cristo e A Paixão dos Homens

O primeiro instrumento de tortura ao qual submeteram Jesus foi uma coroa de espinhos. Múltiplos espinhos que lhe cravaram o crânio. Como se os homens estivessem a dizer-lhe:
– Não queremos as Tuas idéias mirabolantes de reino dos céus. Nós estamos na terra; já chega de alucinações e fantasias. Queremos ficar aqui mesmo.
Quando esbofeteavam atingindo a sua boca era como se estivessem a impor-lhe silêncio dizendo-lhe:
– Não queremos Tuas bem–aventuranças, nem tuas bênçãos; nem de tuas histórias de carochinhas. Já chega de tantas palavras que nada trazem de concreto para esta vida. Não acreditamos em tuas promessas de riquezas futuras, de glórias após a morte. Somos suficientemente adultos para sermos iludidos. Não precisamos de sonhos, queremos realidade.
Ao cravarem as suas mãos estendidas na cruz, estavam a dizer-lhe:
– Não precisamos de Tuas obras. Basta de demagogias, procedentes de Belzebu. Já chega de embustes. Necessitamos de realidades, da ciência. Mas foram aquelas mãos que tocaram os enfermos e eles foram curados, a filha de Jairo ressuscitada pelo toque sagrado de Seus dedos. Foram elas que multiplicaram os pães para alimentar os cinco mil homens e igualmente se estenderam para salvar Pedro quando naufragava no abismo do mar; que tocaram os olhos dos cegos e os fez ver.
Depois cravaram-lhe os pés no mesmo madeiro deixando-lhe um recado:
– Não queremos Te seguir, nem caminhar nos Teus passos. Só os idiotas e ignorantes se deixarão persuadir por essa história de que: “Quem me segue não andará em trevas mas terá a luz da vida”. Deixe-nos ficar aqui mesmo. Se isto aqui são trevas preferimos continuar nelas. Não queremos ser Teus discípulos nem seguir neste Teu caminho. Não somos perfeitos mesmo e as trevas nos ajudam a encobrir nossas falhas. Siga sozinho o seu “caminho de luz”. Deixe-nos em paz.
E depois que as últimas marteladas fixaram aqueles pés na cruz exclamaram:
– Agora queremos ver você sair por aí caminhando por aldeias e cidades iludindo o povo!
Por fim quando já o corpo inerte, pálido, com a cabeça pendente sobre o ombro, a lança do soldado romano aponta para o coração e num golpe violento o dilacera saindo dele água e sangue como que a dizer:
– Fique com o seu amor para si, não necessitamos dele, nem de Sua compaixão. Somos os senhores do mundo, sabemos o que queremos e para onde vamos. Não precisamos de líderes fracos, emotivos, dramáticos e lânguidos contadores de histórias. Queremos líderes destemidos, fortes, firmes, dominadores implacáveis com os inimigos que nos garanta a vitória e nos traga segurança a todo o império. Que governe com cetro de ferro. Este já temos, César. Apreciamos homens como Barrabás que não choram, nem se rendem, que  morrem sorrindo, firmes, desafiando e amaldiçoando seus algozes. Gostamos de homens assim.
Enquanto isto, ao lado direito da cruz de Cristo, um homem mau, crucificado com ele, encerrava sua carreira de crimes e se rendia ao divino Rei dizendo-lhe:
– Eu sou pecador. Mereço a penalidade que estou recebendo, mas este aí é o Rei do bem, o Senhor do mundo da luz e do reino do amor.
Olhando para ele confessou:
– Eu creio. Reconheço Tua realeza e Santidade perfeita. Eu quero o Teu perdão, o Teu amor e suplico-te uma migalha da Tua graça ao entrares no Teu reino...
Lembra-te de mim!
Recebeu o passaporte para entrar naquele mesmo dia no paraíso e para lá foi junto com Ele – Seu novo amigo, seu Salvador.
Durante toda a batalha do Calvário Ele Jesus manteve-se duro como diamante para com o mal – o Império das Trevas – mas maleável como o ouro para com os penitentes.
Quando viram jorrar o sangue carmezim bradaram:
– Tu não és rei coisa nenhuma. Não possuis o sangue azul da nobreza! És plebeu como estes marginais que te cercam. És vulgar igual a eles.
Não poderia de fato ser azul o Seu sangue, mas, carmezim como o sangue de um cordeiro puro e imaculado – “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo. 1.29).
Quando porém esse sangue caiu sobre a terra, “a terra estremeceu; as rochas se partiram; os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos ressuscitaram” (Mt. 27.51,52). A terra nunca dantes recebera um sangue de tal quilate!
Quando este sangue atingiu o inferno, suas portas se despedaçaram, os grilhões da morte se partiram e foi proclamado “liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos” (Lc. 4.18) e em todo o universo se ouviu:
– “Onde está, ó morte a tua vitória? Onde está, ó inferno o teu galardão? Porque o aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo!” (I Cor. 15.55,56).

                                                                      Pr. Rosivaldo de Araújo


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Não temos para onde fugir. Estamos ficando velhos mesmo!

Hoje em alguns noticiários, foi destacado o convite que o Governo Canadense está fazendo aos jovens estrangeiros, capacitados, sonhadores, para irem para o Canadá. Para tanto, ele está abrindo todas as portas e facilitando a transferência destes heróis que estão dispostos a ir para fermentar aquela sociedade que está envelhecendo. Não sei se chegou a hora do idoso, ou a hora do jovem.
Enquanto aqui no Brasil o idoso vem sendo discriminado sobretudo na área de emprego, lá eles estão super valorizando os jovens, não apenas por causa das suas capacitações, porém por que podem levar para aquela sociedade uma dose de otimismo, de esperança e de uma nova visão da vida.
Isto faz-nos lembrar as considerações de Blomfield, no seu livro: O Futuro Glorioso do Planeta Terra, que afirma que uma das grandes vantagens do milênio é que poderemos ser jovens e ter a maturidade dos idosos. Por que hoje temos juventude, mas, não temos prudência, sabedoria, que os idosos têm; em contrapartida, os idosos que dispõem dessa sabedoria e maturidade, contudo não tem a energia e a disposição física para executar os sonhos e os projetos que lhe vem em mente.
Naquele mundo maravilhoso, no entanto, do milênio, podemos associar as duas coisas, ter maturidade e sabedoria, e ao mesmo tempo ter disposição e força para executá-los. Por isso mesmo tudo aqui pode ser possível e encantador. O tempo, creio eu, terá uma marcha bem mais lenta dando-nos ensejo de transformar os castelos de areia em mansões bem mais consistentes e deslumbrantes.   

 Pr. Rosivaldo de Araújo